31 janeiro, 2015

Tsipras quer sair do Euro, mas não quer assumir a responsabilidade dessa opção.

 
Durante a campanha eleitoral o Syriza suavizou o seu discurso. Dando a entender que o partido de extrema-esquerda tinha evoluído para uma posição mais moderada. Esta “moderação” foi essencial para o seu crescimento eleitoral.

Ao final de uma semana, começa a parecer claro que essa posição foi uma mera estratégia para chegar ao poder. Na Grécia, o socialismo (radical) vai sair da gaveta

Seria compreensível algum bluff para ganhar margem negocial com as instituições europeia e seus credores, mas os sinais dados desde a sua tomada de posse vão muito para além de uma simples tomada de posição.


1 Escolheu para parceiro de coligação um partido extremista de direita (e como é lindo ver a malta do BE conviver com essa aliança, de repente já é tolerável a xenofobia e homofobia… até o facto de o governo de Tsipras não contar com qualquer mulher não levanta questões de género!);


2 Os primeiros actos incluíram: ir depositar uma coroa de flores no memorial dos combatentes comunistas que foram mortos pelos nazis na II GM e, no seu discurso, o recorrer a linguagem como
"o novo Governo está pronto a derramar o seu sangue";


3 Aproximação à Rússia o primeiro diplomata que Stripas recebeu, foi o embaixador russo. Simultaneamente, criticou a posição da UE e o seu anúncio de novas sanções à Rússia pela evolução dos acontecimentos na Ucrânia .


4 As primeiras medidas de foro económico: todas no sentido de aumentar a despesa pública (aumento de salários, readmissão de funcionários públicos, abortar privatizações em curso, etc.), logo, de se afastar de uma posição de compromisso e de diálogo com as instituições europeias. 



Se, em vez de extrema-esquerda, estivéssemos a falar de um partido de extrema-direita estes sinais – que foram largamente ignorados pela nossa comunicação social esquerdista – estariam a abrir telejornais anunciando à populaça que as sombras do extremismo voltam a cobrir a Europa!

Mas, não. Para o nosso jornalismo, tudo o que vem da esquerda é intrinsecamente bom... Tsipras e o Syriza, em vez de sombras, trazem esperança à Europa!  




Tsipras, posso estar errado mas é a minha convicção, quer forçar uma saída do Euro. Mas, por cinismo político, não tem coragem de o dizer abertamente.


Essa saída trará mais sacrifícios e sofrimento para o povo grego, que o “caminho da austeridade”. Mas, para Tsipras, será mais confortável dizer aos gregos que a miséria que sobre eles recairá, se deve aos alemães (esses nazis) e aos políticos europeus que "levaram fome à Grécia", que assumir que essa miséria é a consequência da sua opção…


Aliás, essa é a estratégia de qualquer força extremista: o “inimigo comum”. Nunca assumir as responsabilidades próprias pelo que de mau existe numa sociedade e atribuí-las a outrem.
É mais difícil reunir os povos em torno do trabalho e da responsabilidade necessárias para atingir o bem estar comum. É bem mais fácil, convencer os pobres, os marginalizados, que a culpa do seu estado é dos “ricos”, dos “judeus”, dos “imperialistas”, etc..
 

Ligo a tv e uma jornalista visivelmente entusiasmada, anuncia uma "marcha pela mudança" do Podemos em Espanha...   

Cada um deve assumir as suas responsabilidades neste crescimento dos extremismos na Europa. Será que a comunicação social está ciente das suas?   
 
 
Gostava, dentro de 6 meses, dizer que este post sobre a situação grega, era um completo disparate… 








28 janeiro, 2015

José Rodrigues dos Santos: a mais recente vítima dos censores do mediaticamente correto...


Como não disse coisas como “os gregos são vítimas da austeridade, “os gregos são vítimas de Merkel ou “os gregos passam fome porque os credores lhes impõem austeridade”, JRS – tal como sucedeu a Isabel Jonet, Soares dos Santos, F. Ulrich, César das Neves, etc.. - é o mais recente proscrito da linha de pensamento único que domina a agenda mediática. 

Admitindo que algumas passagens das suas reportagens podem levar a uma generalização a todo o povo grego de práticas de corrupção ou de fuga aos impostos, será essa “caricatura” mais desviada da "realidade" apresentada por aqueles que repetidamente se referem à Grécia como uma “vítima da austeridade e de Merkel”?!


Não será a narrativa da “esquerda”, que assenta numa ideia chave – a “austeridade” é a origem de todos os malesa maior caricatura de todas?

Dizer, por exemplo, que a Grécia está a passar pela III Guerra Mundial, será menos infeliz que constatar que a corrupção faz parte do dia-a-dia dos gregos? 
 
Em suma, a indignação com as reportagens de JRS decorrem de um mau trabalho jornalístico realizado ou serão apenas fruto de mais um episódio de condicionamento do que é (ideologicamente) aceitável dizer-se no espaço mediático?



Mentiras que, mil vezes repetidas, se transformam em verdades… 

A narrativa dominante dos media estabelece uma relação causa / efeito entre as “políticas europeias de austeridade” e a crise. Será mesmo assim?

Por exemplo, o altíssimo nível de desemprego (provavelmente o principal problema europeu), poderá até estar relacionado com as tais "politicas europeias", mas, não decorrerá essencialmente de outro fenómeno, conhecido há mais de 20 anos, a globalização?
(nomeadamente, a deslocalização da produção da Europa para Leste, Oriente, Norte de África, etc.)


Será “uma caricatura” dizer que enquanto uns países - com os alemães à cabeça – se prepararam, fazendo as necessárias reformas e ajustamentos para esse embate, outros dizendo que "há mais vida para além do défice" se limitaram a ir "empurrando com a barriga para a frente"?
 
Há 10 anos atrás, os alemães estavam a limitar salários à função pública enquanto gregos (e portugueses) os aumentavam! Será “uma caricatura” dizer  que Portugal e a Grécia (também outros, mas fundamentalmente estes), foram vivendo à custa do crédito que a entrada na  Zona Euro lhes possibilitou, mas ignoraram sistematicamente as duas regras essenciais exigidas à permanência nessa mesma zona: défice próximo dos 3% e dívida pública abaixo de 60% do PIB? (Critérios de Convergência de Maastricht)..


Não será que, em larga medida, estas duas posturas e a respetivas sociedades, estão a “colher o que semearam”?


Outra linha de argumentação recorrente é a evocação das responsabilidades dos alemães na II G.M., concretamente, as suas dívidas de guerra à Grécia. Sinceramente, faz algum sentido sugerir uma espécie de “acerto de contas” misturando uma dívida que, essencialmente, é o resultado das asneiras, das megalomanias e da irresponsabilidade dos gregos (que também a houve por cá) com uma guerra de há quase 80 anos?!


Se vamos entrar neste tipo de contabilidade qual é o limite? Por ex. nós portugueses, estaremos na disponibilidade para reconhecer e pagar, as dívidas correspondentes às riquezas extorquidas às nossas antigas colónias africanas, ao Brasil, etc.?...

Aliás, e dentro ainda desta narrativa de "guerra": em vez dos alemães, mais depressa vejo como meus principais inimigos aqueles políticos portugueses que, à custa de dívida a pagar com os meus impostos (e, no futuro, pelos meus filhos e netos...), fizeram as auto-estradas onde ninguém passa, um tgv que não saiu do papel, as obras do parque escolar, etc.! Esses, sim deviam ser vistos como os verdadeiros inimigos (em vez de andarem a meter-se em autocarros para lhes demonstrar solidariedade...) 

O mesmo, talvez mais até, não se aplicará ao povo grego?


Repare, aqui em Portugal, é frequente relacionar os cortes e a austeridade com os submarinos “comprados pelo Portas”. Não é curioso constatar que os mesmos que usam os “nossos” 2 submarinos como arma de arremesso político contra a área de centro direita, acham infeliz, e até apelidam de xenófobos, aqueles que recordam os 6 submarinos comprados pelos gregos como "caricatura" do escandaloso nível de corrupção na Grécia?

Qual é o princípio e a coerência?...
 
Outro exemplo, atente-se nesta declaração de Roberto Almada, cabeça de lista do BE na Madeira:

 “Chegou a hora de aposentar compulsivamente Alberto João Jardim, que nos levou a um beco sem saída, que fez com que a região estivesse endividada até ao tutano, que fez com que os nossos filhos e os nossos netos estejam com o seu futuro endividado"


Claro que nenhum jornalista questionará o bloco, ou alguém da esquerda, se não é demagógico e contraditório, dizer que A.J. Jardim nos endividou até ao tutano” e comprometeu o futuro “dos nossos filhos e netos” e, simultaneamente, dizer que os gregos são vítimas da austeridade e da “bruxa” da Merkel...


Não digo que a Europa deva abandonar os gregos à sua sorte, mas custa a acreditar na forma infantil como este assunto é tratado na agenda mediática, onde existem: os “bonzinhos da esquerda” que querem crescimento e emprego Vs os “mauzões da direita” que querem a austeridade.


E, confrontados com este contexto e esta narrativa mediática, será assim que os portugueses irão votar nas legislativas aqui a uns meses…


Enfim, Portugal é muito isto… 
 
 
 

26 janeiro, 2015

Irão os socialistas portugueses escutar o conselho de António Costa e votar BE nas próximas eleições?

(ia escrever algo como o que a Helena Matos escreveu no Blasfémias…)
 

"Pois é uma grande mudança: os socialistas estão abaixo dos 5%.


 
António Costa diz que vitória de Syriza é «mais um sinal da mudança» na Europa O secretário-geral do PS fala de uma mudança da orientação política que está em curso na Europa, no sentido de uma maior solidariedade.
 
Enfim a Europa pode estar a caminhar no sentido de uma maior solidariedade mas deve ser uma solidariedade de novo tipo. Afinal o líder do PS português celebra a vitória do Syriza que foi construída sobre a catástrofe eleitoral dos socialistas gregos. Um líder socialista a celebrar a derrota dos socialistas tem que se lhe diga."


Sem sombra de oportunismo

Enfim, daqui a 3, 6 meses, veremos o que esta nova era do "fim da austeridade" trará e se Costa mantém esta colagem ao Syriza (entretanto, estou à espera que Catarina Martins, ou alguém do BE, venha dizer algo sobre a derrocada do Pasok). 
 
Para ser fiel ao seu estilo, só faltou ao candidato Costa dizer que a vitória do syriza (pena que não tenha sido por maioria absoluta) é um novo Tratado de Tordesilhas que veio dividir o mundo em dois hemisférios: um pró e outro anti, austeridade...

http://jornalismoassim.blogspot.pt/2014/12/durante-semana-temos-peregrinacao-evora.html
 
«A TAP é fundamental. Na era da globalização, tem a importância que as caravelas tiveram na era dos Descobrimentos
 
 
 
Quem apenas veja telejornais e tenha fraca memória (uma vasta maioria de portugueses, infelizmente...), nem se lembra o que o último "Messias anti-Austeridade", conseguiu: é graças a Hollande que a  extrema direita francesa lidera as sondagens. 
 
Daqui a uns meses veremos se Tsipras e o Syriza ainda são entusiasticamente citados pelos socialistas. Ou, tal como sucedeu com Hollande, se a realidade e, principalmente, a circunstância de o eleitorado identificar esses "ex-Messias" como os novos símbolos de desilusão, ditará o seu varrimento para debaixo do tapete...
 
 
Votos de Boa Sorte ao povo grego... bem vão precisar dela.
 
 
 
 

23 janeiro, 2015

Notícias que passam ao lado das manchetes: Absentismo no Sistema Nacional de Saúde.

 
Numa altura em que muito se tem falado do sistema nacional de saúde, nomeadamente, na escassez dos meios disponíveis para atendimento aos utentes, eis um assunto que, aposto, nunca abrirá os telejornais ou terá algum destaque sequer…
 
(via, Rádio Renascença)

“… O número [do absentismo no Hospital de Sto António] não é exactamente o que o doutor António Ferreira (presidente do Conselho de Administração do Hospital de São João) disse. É mais baixo, anda nos 8% ou 9%, não chega aos 11%. Todos os dias faltam 9% das pessoas pelas razões mais diversas, ou porque estão no período de parto, ou de férias, ou porque meteram atestado.

Como se poderia atacar esse problema?
Nós fizemos uma experiência que foi muito bem-sucedida, em que atingimos um absentismo equivalente à iniciativa privada. Estabelecemos um prémio de presença de que os sindicatos não gostam nada. Quem não faltar ou apenas o dizer num dia por mês recebe um prémio de 20% do salário.

Quais foram os resultados?
O absentismo desceu para metade, porque as pessoas deixaram de faltar. Nesse grupo temos 4 ou 5% de faltas.”



Se o nível de absentismo destes funcionários fosse o mesmo dos trabalhadores do sector privado, não teriam os portugueses que se deslocam aos hospitais e centros de saúde, melhor tratamento?
 
 
Não seria merecedor de curiosidade jornalística e/ou atenção mediática, a circunstância de a função pública ter o dobro do absentismo do sector privado? 
 
Srs. jornalistas e comentadores, este "pormenor" não terá impacto na qualidade dos serviços prestados aos cidadãos? Tanto sindicalista a marcar presença regular na agenda mediática e nenhum jornalista se disponibiliza para fazer perguntas sobre este assunto... Porque será?


Enfim, talvez porque, na agenda mediática, há espaço para pedir a cabeça do ministro e outros governantes. Não convém dar visibilidade a perspetivas que possam comprometer essa narrativa
 
 
 
 

19 janeiro, 2015

Não me lixem, vocês estão a c*g%#%-se para a liberdade de expressão e de imprensa.


Dois dias depois da publicação do último post – que, a partir de acontecimentos do 1º mandato de Sócrates, questionava a forma como a nossa comunicação social lida com aqueles que “convivem mal” com o direito de liberdade de imprensa e de expressão – vieram a público novas informações sobre as manobras de Sócrates para calar alguns órgãos de comunicação social e controlar outros (factos ocorridos no final de 2013 e início de 2014, note-se).
 


Desde que tais informações saíram na imprensa – honra seja feita ao Correio da Manhã pela sua investigação neste caso - tenho estado atento aos telejornais (espaços onde, segundo os próprios jornalistas, se formata a opinião dos cidadãos, se fabricam os presidentes e primeiros-ministros, enfim, onde se ganham e se perdem eleições) para perceber a relevância e o destaque que as respetivas redações iriam dar ao assunto.


E, o que pude constatar? Nenhuma referência ao caso. ZERO!

Vi reportagens sobre Sócrates, mas apenas abordaram as últimas personalidades que lhe fizeram uma visita (já é um clássico da tv lusa...) e a referência a alegadas queixas de outros reclusos reclamando dos privilégios exclusivos do preso n.º 44.

Nota: Desde já, peço desculpa se alguma reportagem sobre estas notícias passou nos telejornais (RTP, SIC e TVI). Se passou, foi de tal forma discreta que não vi (e bem que fiz zapping…).

Ninguém acha isto estranho, incompreensível mesmo. Então, os mesmos órgãos de informação que, durante dias a fio, falam incessantemente do “valor supremo” da liberdade de expressão e de imprensa, os mesmos media que adotam uma posição de defesa intransigente desses direitos, remetem-se a um total silêncio sobre notícias vindas a público  que nos dão conta das manobras do ex-pm socialista - envolvendo a Entidade Reguladora da Comunicação Social, inclusivamente - com o objetivo de calar o Correio da Manhã e controlar órgãos de informação como o Jornal de Notícias, Diário de Notícias e a TSF?!


Se isto não é matéria jornalisticamente relevante para levar a um telejornal, o que será?! As últimas da relação entre o Ronaldo e a Irina?!...


Tenham vergonha!

Do ponto de vista informativo e para além desta vertente da liberdade de imprensa, as “novidades” mais recentes (recordo novamente: reportam-se a factos ocorridos no final de 2013 e início de 2014) contêm outros dados relevantes sobre o caso Sócrates, nomeadamente, porque tais elementos nos permitem analisar, ajuizar, sobre a veracidade de parte da teoria de defesa de Sócrates.

Segundo o próprio, era a bondade do seu amigo Carlos Silva e os empréstimos que este lhe fez para "fazer face a algumas necessidades financeiras”, a explicação para as largas somas de dinheiro que tinha à sua disposição. Ora, pelo que foi agora tornado público, Sócrates “disponibilizou-se para angariar capital para compra da Controlinveste”. Vejamos, esta conduta é própria de alguém que depende de favores e de ajudas financeiras de amigos ou será típico de alguém que tem a autonomia e os meios financeiros para decidir o desfecho destes negócios?


Mas, voltando à suposta intolerância que os nossos media têm com aqueles que violam a liberdade de expressão e de imprensa: 

Tenham vergonha e calem-se com o chavão da defesa da liberdade de imprensa! Pelo que já se viu, as redações estão cheias de gente disponível para proteger "democratas" como Sócrates, suas estratégias e forma de "fazer política"…


Pelo envolvimento e cumplicidade de muitas “figuras ilustres” do PS, Sócrates não pode cair. Assim que ele sinta que os seus amigos não conseguirão safá-lo, assim que perceba que vai “cair em desgraça”, irá arrastar um grande número de comparsas com ele.

Os socialistas sabem-no e continuam a ir a Évora, dando-lhe provas de solidariedade e, acima de tudo, no intuito de o manter tranquilo. O jornalismo e a elite merdosa que controla os telejornais, sabe-o e continuará a fazer o que pode para proteger a imagem de Sócrates e o PS que a ele está amarrado.
 


É óbvio que Sócrates não agiu sozinho ao longo de todos estes anos! O seu “cadastro“ nas mais variadas áreas – desde as manobras de silenciamento da comunicação social (envolvendo até a banca privada onde colocou os Varas), na definição dos negócios que se fazem e não se fazem, nas empresas públicas ou para-públicas (como a PT e a EDP), nas opções tomadas em termos de investimento público (PPP rodoviárias, PPP energia eólica, Parque Escolar, TGV, etc.) – é tão evidente que só num país hipócrita como este, podemos assistir aos que, durante anos, com ele conviveram e partilharam o poder, dizerem coisas como: “estou muito surpreendido com tudo isto” ou “acredito na sua inocência”…  
 
Aliás, alguns destes "espantados com tudo o que está a acontecer", muito provavelmente, até estavam ao seu lado quando os telefonemas apanhados nas malhas das escutas foram realizados.

Mas desta vez, parece, não existirá alguém para invalidar as escutas ou recortá-las à tesoura... (mas, depois de Outubro, quem sabe? )


Tenham vergonha!

Vocês, enquanto afirmam à boca cheia que o desrespeito pela liberdade de imprensa é incompatível com a democracia - por razões de pura afinidade ideológica – são capazes de se aliarem à agenda dos que “se cagam para o segredo de justiça”, de se aliarem à estratégia dos que, com Sócrates, calaram alguns jornalistas e condicionaram outros, em suma, são capazes de colocar os interesses e a conveniência  da "esquerda" (nomeadamente, os interesses de Costa e do PS) à frente dos tais direitos que dizem ser intocáveis e, ativamente, darem o vosso contributo para que essa gente volte ao poder!


É esta a vossa noção de “democracia”. Não me lixem com mais balelas sobre a liberdade de imprensa e de expressão!


"Todos os burros comem palha, o que é preciso é saber dá-la." Hoje em dia, é este o mote para editar telejornais...


(desculpem-me os mais sensíveis, mas esta hipocrisia e este calculismo tiram-me do sério...)

 
 

14 janeiro, 2015

Quais são, afinal, os limites de tolerância do nosso jornalismo com aqueles que violam os valores da liberdade de expressão e imprensa?


Seremos um país de “Charlies” convictos? E, mais concretamente, será a nossa classe jornalística – olhando à forma militante como aderiu ao slogan “Je suis Charlie” nos últimos dias – uma defensora implacável e intransigente, contra TODOS aqueles que ameaçam os valores da “liberdade de expressão” e da “liberdade de imprensa”?...


Talvez uma resposta a esta questão possa ser encontrada recordando esta entrevista de Octávio Ribeiro ao jornal SOL e que foi objeto deste post de Março de 2013:

"Daria um excelente "Escândalo!", se fosse para malhar na Direita....

A entrevista, dada por Octávio Ribeiro (OR) na última edição do jornal SOL, pode ser lida aqui e traz novos elementos sobre as relações de Sócrates com o mundo da comunicação social.  

«...[OR] Quando começo a ter acesso a algumas das escutas do Face Oculta apercebo-me que não era só a TVI que ia ser comprada. O CM também. Houve uma fase negra em Portugal em que, com o apoio da banca, se ponderou fazer grandes negócios na comunicação social que não visavam o objecto de negócio, mas sim mudar direcções e silenciar.

[Sol]O que pensa de Sócrates?

Entre 90 e 91, ao fim-de-semana tinha RTP e durante a semana Semanário e RR. Nesta altura, António Guterres apresenta-me uma jovem promessa. E, de facto, ele tinha um estar que contrastava: não usava gravata, dizia palavrões, era pouco mais velho do que eu e trabalhava imenso. Já como líder do PS faço-lhe a entrevista que antecede a queda de Santana Lopes, com o título: 'O PS está pronto para governar'. Logo a seguir dá-se a decisão de Sampaio. Numa primeira fase conversávamos muito, trocávamos impressões de forma aberta, ainda eu era director-adjunto.

Em 2007 ele faz-me um convite que achei que o primeiro-ministro não podia fazer

Que convite foi esse?

Para substituir o José Eduardo Moniz na TVI. Ele diz que não sabia de nada do que se estava a passar, mas em Fevereiro fez-me esse convite. Quatro meses antes. Disse-lhe que não estava disponível e a relação acabou.

Sócrates quis dominar a comunicação social?

Completamente. Tinha essa vertigem. Denunciei isso muitas vezes em editoriais. Uma vergonha. Não é um democrata. É um tipo colérico quando é contrariado. Depois desse almoço na Travessa - e uma coisa estranha é que o restaurante estava cheio, mas todas as mesas à nossa volta estavam vazias, portanto presumo que ele não marcava apenas uma mesa, mas um quadrado -, acho que nunca mais falámos.» "



Ora, perante o conteúdo desta entrevista, qual foi a reação de todos os “Charlies” que agora povoam os jornais, as televisões e as rádios? A reação foi… ZERO.


Alguém se recorda, há altura dos factos - isto é, há altura em que um governo andava a silenciar tudo o que era órgão de informação que não controlava -, de algum movimento na comunicação social a denunciar aqueles que estavam a colocar em causa a “liberdade de expressão”?

Porque não existiu reação, porque não existiu indignação? Como pode explicar-se, sendo genuína e convicta esta posição de defesa intransigente da liberdade de expressão e imprensa, o total silencio dos que agora se afirmam “Charlies”?   

Teria a ausência de reação ficado a dever-se à circunstância de tais manobras partirem de um governo “de esquerda”? O facto de essas pressões terem partido de uma personagem política, pela qual (ainda hoje, diga-se…) muitos jornalistas e comentadores nutrem uma admiração especial, terá ditado o encobrimento e esquecimento do caso, por receio do impacto que o mesmo poderia ter na opinião pública, nomeadamente, pela influência que poderia ter nas legislativas de 2009?


Enfim, por cá, a defesa da liberdade expressão e de imprensa, até pode ser importante. Mas, por favor, não venham dizer que é um “valor absoluto”. As evidências que outras causas se lhes podem sobrepor, está à vista de todos...



 

08 janeiro, 2015

O “ataque à liberdade de expressão”, não deve monopolizar a reflexão sobre as verdadeiras origens do que está a suceder em França e na Europa…


Porque tem vindo a Europa, particularmente a França, a revelar-se terreno fértil para estes “extremistas islâmicos instantâneos”? A sua revolta contra o Ocidente, contra o Mundo, alicerça-se em quê?!

O que estará a Europa a fazer de errado, que possa estar a fomentar, nomeadamente, entre jovens que nasceram dentro das suas próprias fronteiras, o surgimento destes casos de semelhante ódio  e sentimentos de revolta,  de magnitude capaz de desencadear acontecimentos como os de ontem? E o jornalismo, pode ter algum papel nisto?



1 O Estado Social francês…
Vinte anos depois do aprofundamento da globalização económica, a difusão generalizada na Europa de uma linha de pensamento político mais à esquerda, da qual o jornalismo europeu é próximo, que o Estado Social tudo deve assegurar e garantir – vide, Ana Gomes -, conduziu a uma cultura de vitimização generalizada que é utilizada para angariar simpatizantes e votos.


Quando estes jovens constatam que não conseguirão ter um estilo de vida ao nível dos sonhos que projetam, esta ideia de vitimização que recorrentemente perpassa nas declarações das forças políticas mais à esquerda - que em cada cidadão existe um oprimido, um explorado, um roubado – é susceptível de alimentar esse sentimento de revolta ou não?



2 Israel vs Palestina. A posição da Europa…
A posição europeia sobre o conflito israelo-árabe, é abertamente pró Palestiniana. Mais uma vez, esta é a posição que a elite intelectual do jornalismo europeu defende e o tratamento mediático do tema é um óbvio sinal disso. O realce mediático sistematicamente destaca os palestinianos, os muçulmanos, como vítimas deste conflito (e muitos são!).

Mas, não perceber ou não querer mostrar tal evidência, talvez para não comprometer algumas narrativas, que os palestinianos radicais, por quererem o desaparecimento de Israel em vez de uma solução de compromisso entre as duas nações, são, hoje, provavelmente o maior obstáculo à resolução do conflito, é uma forma de retratar aquele conflito que contribui para alimentar o sentimento de revolta e de vitimização das comunidades muçulmanas ou não?


Recordar que, em Israel, valores como a liberdade de imprensa e a liberdade de expressão, existem e não são questionados. Aliás, existem esses valores e outros e, pessoalmente, acho que muito do que se discute nesse conflito é precisamente o modelo de sociedade que desejamos que prevaleça: o modelo do designado mundo ocidental ou o modelo dos estados islâmicos?


Curiosamente, nas reportagens que tratam este conflito, a cobertura jornalística não envolve esta vertente de defesa dos direitos cívicos. Ouve-se por vezes algo do género "não podemos impor a visão ocidental ao mundo árabe", mas estas escolhas não estão presentes quando somos chamados a tomar uma posição sobre este assunto? 

Assumirá plenamente o jornalismo todas as consequências das causas que defende? 

Para finalizar, homenagem às vítimas deste crime horrendo e profundos sentimentos às suas famílias. Independentemente da profissão, se jornalista, se cartoonista, se polícia ou porteiro, isso importa?
 
Será o assassínio de jornalistas por radicais islâmicos, mais grave que os assassínios - cometidos pelos mesmos radicais - de seres humanos apenas por serem cristãos? 
 
A vida humana não é toda igual?
 
 
 
Nota final:
Supostamente, estes radicais exibem um profundo “respeito pelo Profeta” e um rigoroso cumprimento dos princípios do Islão. Se é mesmo assim, tinha curiosidade de saber quantos muçulmanos em França se recusam a receber os apoios sociais por virem de um estado laico.

Como podem esses devotos suportar o recebimento de “euros infiéis”?... Enfim, suspeito que, quando convém, estes radicais conseguem vislumbrar no “seu islão” alguma flexibilidade para, seletivamente, se adaptarem ao que o ocidente lhes pode oferecer. 

 
PS: Uma clarificação para não ser mal interpretado. O que é acima dito dirige-se exclusivamente aos radicais e fanáticos. Nada tenho contra os muçulmanos e a civilização muçulmana. Qualquer pessoa que conheça a história de Portugal, sabe que os muçulmanos fazem parte da nossa identidade.

 

05 janeiro, 2015

Aviso! Post com associação “absolutamente delirante” de uma notícia de 2009 com outra, completamente desconexa, de 2015.

2015:

“Tribunal de Contas. Alta velocidade custou mais de 150 milhões apesar de nunca ter saído do papel”

"Os estudos preliminares demonstraram que o investimento na rede ferroviária de alta velocidade não apresentava viabilidade financeira. Os mesmos estudos demonstraram que o eixo Lisboa-Madrid, o primeiro que se previa vir a ser implementado, também seria financeiramente inviável

O investimento seria implementado com base num modelo "sem paralelo em termos internacionais", assente em seis contractos de Parceria Público-Privada (PPP) cujos encargos para os parceiros públicos ascenderiam a 11,6 mil milhões de euros.

"Os riscos de procura relevantes recairiam sobre a CP e a REFER, empresas públicas economicamente deficitárias. Em contrapartida, os pagamentos pela disponibilidade da infraestrutura às concessionárias gozariam de estabilidade, característica típica das rendas", alerta o relatório do TdC.”



2009:

Repito, é "absolutamente delirante" sugerir a existência de qualquer  ligação entre estas 2 notícias...

 
Notícias que passaram "absolutamente despercebidas" ao Jornalismo luso durante anos...

Através de uma simples pesquisa no Google (por ex.: Sócrates, tribunal contas), facilmente se encontram notícias que nos dão conta de diversos investimentos públicos feitos no consulado de Sócrates com um denominador comum: ruinosos para o Estado, mas (altamente) lucrativos para as empresas privadas que neles participavam.


Por ex., recordar este post de Junho de 2013:

“O documento [relatório produzido pela comissão de inquérito às PPP rodoviárias] caracteriza o programa de subconcessões como “um projecto rodoviário deficitário que compromete a capacidade da EP em assumir os seus encargos” e sublinha que “os responsáveis políticos à época [nomeadamente Mário Lino e Teixeira dos Santos] foram alertados para este aspecto e ainda assim decidiram avançar”.


“A EP pela voz do seu antigo presidente, Dr. Almerindo Marques, assumiu pressão directa do secretário de Estado Adjunto, das Obras Públicas e Comunicações, Dr. Paulo Campos, e indirecta do Primeiro-Ministro, Engenheiro José Sócrates, com vista a realização de obra”, destaca.” 

(enfim, "infâmias"...)

 
Embora a nossa "diligente" comunicação social não tenha dado destaque a tal informação, neste outro post de Março de 2013, aqui se salientou outro dado relevante para perceber o enredo em torno do investimento público socrático: a forma como, em alguns casos, o Tribunal de Contas foi ludibriado pelo governo de então, para avançar com obras.



Resumindo:
Diversos investimentos classificados como ruinosos para o erário público, apenas avançaram por pressão dos membros do governo (cujo dever seria, precisamente, salvaguardar o interesse público...) que tutelavam os órgãos onde tais decisões foram tomadas. 
 
Pelo meio, e de forma a obterem a indispensável "luz verde" daquele organismo, os serviços tutelados por esses mesmos governantes ocultaram deliberadamente ao Tribunal de Contas informação financeira relevante, para que os projetos pudessem avançar no terreno. Casos houve, em que as obras avançaram mesmo sem existir o visto prévio daquele organismo, em flagrante violação da Lei.



Pergunto, olhando ao que foi a gestão de Sócrates e do seu governo, e assumindo que não estamos perante um fenómeno de corrupção, o que seria preciso além da informação anterior para condenar um gestor público por gestão danosa? 
 

Para finalizar, outra notícia sem qualquer conexão com as anteriores: 
 
 
 
 
 

04 janeiro, 2015

Acabou-se a brincadeira! O pai da democracia pronunciou-se…


 
“Mário Soares considera que "é algo de inaceitável e infamante" não haver "uma única prova contra um homem que tantos serviços prestou a Portugal".”

“…Sócrates "conseguiu por tudo em pratos limpos" a 2 de Janeiro, "fazendo noticiar a inutilidade das acusações falsas que lhe foram feitas".

“"Que espera o presidente da República, Aníbal cavaco Silva, para, em nome dos portugueses, intervir quando dentro de poucos meses o poderão julgar a ele quando terminar o seu mandato presidencial?..."


Sinto vergonha de viver num país onde uma boa parte da comunicação social presta vassalagem e protege personagens destas que se comportam como autênticos donos do regime.


Se não fosse “Sua Alteza Republicana” a proferi-las, teríamos uma unanimidade de comentadores e intelectuais, a condenarem tais declarações e a ridicularizarem o seu autor. Que eram indignas de uma democracia, que até no 3º mundo isto já não aconteceria... blá, blá, blá. Tratando-se de Soares assiste-se a este silêncio e o respeitinho que os membros da corte reservavam ao Rei. 
 
Enfim, é nestes pormenores e, designadamente na disponibilidade de boa parte da comunicação social portuguesa para colaborar com a estratégia de comunicação destes “paridores do regime”, que se percebe o nível de “cultura democrática” da nossa sociedade. Quarenta anos depois do 25 de Abril, recorde-se…  


Mas este comportamento, assim como outras declarações de “ilustres” socialistas, diz muito deste PS e de (pelo menos) alguma esquerda:


O Estado de Direito e as leis, são para aplicar aos outros. Não foram feitas para aplicar aos donos do regime!


Nojo…




 

02 janeiro, 2015

Terminou 2014. Considerando os prognósticos feitos no final de 2013, alguém poderá dizer que o balanço é negativo?

Para fazer esta análise, vamos repescar uma capa do Público do final de Setembro de 2013.
 

Decorrido o ano de 2014 e apesar de fatores adversos como o “arranque” da economia europeia que nunca chega, apesar do colapso do GES ou, pelos impactos no défice, apesar do chumbo do TC aos cortes nos salários e pensões, que diagnóstico podemos fazer hoje, sobre a situação de Portugal em face ao ponto de partida das previsões do jornalismo militante há um ano atrás?

Recorde-se o que há 1 ano atrás se vaticinava sobre o desemrego:
"Desemprego em Portugal deve subir até 18,5% em 2014"

Entretanto...
"Taxa de desemprego recua de 13,9% para 13,1% no terceiro trimestre de 2014";

"Emprego em Portugal com terceira maior subida da UE ao crescer 1,4% no 3.º trimestre",


O PIB, função da "espiral recessiva", continuaria a cair diziam. Afinal, o que se soube em 2014?


 
 


A dívida, inevitavelmente, continuaria a subir...  
"Dívida pública desce pela primeira vez desde 2011"


Mas, já viu ou ouviu, alguém dizer que 2014 foi um ano positivo na comunicação social?

Claro que não. E, já se sabe, tal como o ano passado, só o Governo acredita nas suas previsões fantasiosas para 2015!


Enfim, no que à agenda mediática diz respeito, o "sol só brilhará" quando o Santo Costa for eleito…  

Só com Costa PM, finalmente, poderemos ver os telejornais a darem conta aos portugueses de boas notícias e dos inegáveis progressos da economia: da descida da dívida, da descida do desemprego... 


P.S.: Uma notícia de última hora sobre 2014:
"Natalidade cresce após três anos em queda. A natalidade em Portugal parou de cair em 2014."