12 julho, 2014

O “elefante no meio da sala” que os profissionais da indignação nos media ignoram…

Recordar, antes, este post:

"O Tabu das assimetrias regionais em Portugal
Num País onde muito se fala sobre solidariedade - especialmente neste período mais recente, em que frequentemente se aponta aos países mais ricos (como a Alemanha) o facto de não ajudarem os mais pobres -, é curioso que o tema das disparidades regionais de riqueza em Portugal sejam quase um tema tabu.

 
Por exemplo, sabia que de acordo com dados do INE, na comparação entre regiões (NUTS III,) a região da Grande Lisboa revela um PIB per capita superior à média do país em mais de 60%?

E que, segundo o mesmo indicador de riqueza, um cidadão residente na capital mais do que triplica o valor do mesmo indicador relativamente a um compatriota da região do Tâmega?"
 
 
Entretanto, ontem na comunicação social (embora a notícia não tenha merecido a atenção dos media "mainstream" sedeados na capital...) era noticiado:

Tâmega e Sousa é quem mais contribui para a balança comercial do país.

"O presidente do Conselho Empresarial do Tâmega e Sousa (CETS) disse hoje à Lusa que a região é a que mais contribui para a balança comercial do país.

Segundo Luís Miguel Ribeiro, aquele território destaca-se por apresentar a melhor
taxa de cobertura entre importações e exportações, superior a 240%.
 
O dirigente representa as empresas da região que lidera os indicadores nacionais de exportação nos setores de calçado, mobiliário, vinho verde e extração e transformação de granitos."


Face a este "Estado da Nação", ninguém na comunicação social se interroga: porque será que aqueles que mais riqueza produzem são, simultaneamente, os mais pobres?!

E não venham com aquelas tretas de "economês" acerca da exportação de produtos "de baixo valor incorporado", do baixo "índice tecnológico", etc.. 
 
Por um lado, os produtos atualmente exportados, já não são os mesmos de há 15 - 20 anos atrás.
 
Por outro - e esta é a questão de fundo - Portugal só regista estas disparidades de rendimento (recordar quadro acima do INE: um cidadão da Grande Lisboa tem o triplo do rendimento do Tâmega), em virtude da apropriação, via saque fiscal, de uma significativa parte dos rendimentos de pessoas e empresas das regiões onde, efetivamente, se produz riqueza, para depois "redistribuir", alimentar, esse monstro que é a estrutura do Estado e cuja organização administrativa se concentra essencialmente em Lisboa.
 
 
Sob o pretexto de "reduzir a despesa", quantas escolas, centros de saúde, tribunais terão sido encerrados no período recente na Região do Tâmega, tendo essa "poupança" servido apenas para continuar a sustentar os empregos dos burocratas do estado central num qualquer serviço entre ministérios, secretarias de estado, direções gerais, secretarias gerais, institutos e empresas públicas, observatórios, comissões, fundações, inspeções gerais, gabinetes de estudos, etc..?
  
 
Interrogam-se porque se fala, há anos, na importância de uma "Reforma do Estado" e ela não acontece?...