27 julho, 2014

BPN Vs BES… Teixeira dos Santos Vs Teixeira dos Santos!?


Desde Novembro de 2008, foram inúmeras as ocasiões em que Teixeira dos Santos defendeu e/ou justificou a nacionalização do BPN, evocando o risco sistémico” para a economia portuguesa.

Recordemos, por exemplo, as suas afirmações perante a comissão de inquérito parlamentar dedicada ao caso BPN (Maio de 2012): “O ex-ministro Teixeira dos Santos disse, esta terça-feira, que a falência do BPN teria levado a economia a afundar no mínimo quatro por cento e reiterou que, mesmo conhecendo todos os factos [por esta altura, o buraco já superava os 4.000 milhões de Euros… ], teria continuado a defender a nacionalização.”


De facto, a convicção do ex-ministro de Sócrates na teoria do “risco sistémico” era de tal forma definitiva que
 na mesma ocasião, afirmou: “Ainda perante os deputados, o responsável disse que, mesmo que em 2008 tivesse noção das reais imparidades do BPN e da duração prolongada da crise, teria continuado favorável à nacionalização do BPN devido ao impacto na economia do país.” 
Julho de 2014, implosão do Grupo Espírito Santo…
Atendendo à história recente, seria muito interessante escutar a opinião de T. Santos sobre a novela BES. Descubra as diferenças...

 

Nenhum órgão de comunicação social notou mas, terá existido comentário mais arrasador sobre o desempenho de Constâncio à frente do Banco de Portugal que esta afirmação de T.Santos?

Mas Teixeira "risco sistémico" dos Santos, não ficou por aqui...: "... "claro que isto é um caso que está devidamente confinado, que não há riscos de contágio", [deve-se] garantir que "a solução do caso é estritamente privada, isto é, que não haverá intervenção de dinheiros públicos".

Como é possível no caso BPN - cuja dimensão se traduzia numa cota de mercado de 2% -, fundamentar a opção de nacionalização quase exclusivamente no argumento de um suposto “risco sistémico” e defender que "não há riscos de contágio", perante uma situação que envolve uma instituição 10 X maior?!

 
O que justificará esta inversão de pensamento?! Será que Teixeira dos Santos foi raptado e substituído por um sósia?!
 

E, em plena "silly season", altura em que as notícias escasseiam, nenhum jornalista descortina nestas declarações, proferidas por uma personagem chave no caso (talvez) mais mediático dos últimos anos, tão óbvias contradições !? Ninguém revela interesse em tentar saber mais?! Como é possível esta falta de curiosidade e de interesse... 
 
No que à cobertura mediática do caso BPN diz respeito, o jornalismo português sempre se revelou muito mais interessado em relevar as ligações dos envolvidos na fraude ao PSD e “à direita”, do que propriamente em esclarecer e escrutinar o processo de nacionalização do banco decidido e executado pelos socialistas. 

Quem apenas vê telejornais, dificilmente perceberá: não foi por decisão de Oliveira e Costa e Dias Loureiro (que deviam estar na cadeia), que os prejuízos do BPN foram transferidos dos acionistas e clientes daquela instituição, para os contribuintes. Essa consequência decorre da decisão tomada pelo governo de Sócrates e (pelo menos assim nos fizeram crer...) Teixeira dos Santos.
 
No entanto, atendendo às mais recentes declarações de Teixeira dos Santos - e se elas revelam algo do seu pensamento sobre esta matéria -, dificilmente a decisão terá sido da sua iniciativa…

Porque foi nacionalizado o BPN!?

Tenho Fé que será o Juiz Carlos Alexandre a desvendar este mistério ...


PS 1: Ainda a propósito do "risco sistémico", recordar o que disse M. Cadilhe:
 
"Teixeira dos Santos e Constâncio "enganaram" portugueses ao justificar nacionalização com risco sistémico
Para Miguel Cadilhe, estes dois responsáveis não podiam ter invocado o argumento de que o BPN poderia provocar o colapso do sistema financeiro português quando o banco tinha uma quota de mercado de apenas dois por cento."

PS 2: Será que Sócrates (o animal feroz) teria dito "não" a Ricardo Salgado, como Passos Coelho fez, quando o DDT lhe foi pedir um empréstimo da CGD para salvar o GES!?

Será que com outros governantes e sob o discurso da "proteção da economia", os contribuintes não estariam já a comparticipar as perdas dos "Donos Disto Tudo"?...