25 setembro, 2013

Também tu, Cavaco?! A propósito do “mediaticamente correcto”…


Na área da medicina, algo equivalente, seria dizer:



“Eu defendo uma quimioterapia amiga do bem estar do paciente”.

 
São assim os tempos que vivemos: toda a gente quer “parecer bem” na televisão (nem Cavaco escapa ao mediaticamente correcto). Em que situação seria possível corrigir os desequilíbrios de que Portugal padece, sem efeitos adversos para a Economia?! Pelo menos numa fase inicial de ajustamento...

Entretanto, como a comunicação social – diga-se a propósito, porque uma significativa parte das redacções e jornalistas, partilham das mesmas convicções e receitas irrealistas que a esquerda preconiza - não confronta aqueles que aspiram a governar, vendendo ilusões, com a realidade, nunca sairemos deste ciclo vicioso:

Os políticos, por mais irrealialista que seja essa postura, percebem que, o que compensa, é ter o discurso que passa bem nas tvs e jornais. Por um lado, sem esse discurso "sensível e amigo", será mais difícil chegar aos eleitores… e aos votos. Depois, como podem dizer as maiores barbaridades sem que o jornalismo os confronte com a inviabilidade do que dizem - aliás, existem algumas realidades / verdades, que são muito mal vistas pelas elites dos editoriais -, estão reunidos todos os incentivos  (inclusivamente, uma presença assegurada de destaque na agenda mediática) à proliferação daquelas balelas do “crescimento económico”, da aposta nas “medidas activas de emprego”, que a “austeridade só ajuda a agravar os problemas”, etc., etc..

No entanto, como no mundo real, o país continua a precisar que lhe emprestem 8.000.000.000 € por ano e só existem duas alternativas:

1 Os mercados: estes só nos emprestarão esse dinheiro a taxas de 8%, 9%... para conseguirmos pagar esses juros, sacrifícios muito maiores que os que já estão a ser exigidos aos portugueses teriam que ser feitos, ou seja, esse é um beco sem saída.

2 As únicas entidades que nos emprestam dinheiro a taxas razoáveis (fmi / ue) exigem como contrapartida a redução da despesa do Estado… a malfadada “austeridade”. Se falhamos nessas contrapartidas poderá estar em causa a saída do Euro. Tal como na alternativa anterior, essa opção causará sacrifícios muito maiores que os que já estão a ser exigidos aos portugueses…

Ou seja, qualquer político que chegue ao governo terá que fazer sensivelmente o mesmo!

Até podem ter o voto popular mas, no dia seguinte (oh Hollande!...), lá teremos “o povo” a lamentar-se que “foi enganado” pelos políticos e a comunicação social, em tom pesaroso, a dizer que cada vez “a democracia está mais pobre”… será que são apenas os políticos que “enganam” o povo? Não será que aqueles que têm por missão informar os cidadãos, também têm grandes responsabilidades neste processo?

Como aqui no blog já se referiu diversas vezes, será impossível concretizar uma redução significativa da despesa pública – que é a razão maior desta crise - sem (pelo menos na interpretação de alguns)  "violar" a Constituição.

(embora, também aqui já se tenha demonstrado como a “constitucionalidade” é mais flexível quando são os socialistas a governar).

Estamos há 2 anos nisto… quantos mais anos serão necessários para sair deste estado de negação?!