15 julho, 2013

Back to the basics...


Para “desenjoar” dos assuntos que dominam a agenda mediática portuguesa (e até porque esses mesmos assuntos vão persistir durante 10 – 15 anos, pelo que, não faltarão oportunidades para nos debruçarmos sobre eles…), fica uma sugestão de leitura via “Espectador interessado”…

(nota: este post é apenas um de quatro muito interessantes)


O quadro mental da esquerda (2)
Em continuação de O quadro mental da esquerda, apresento agora uma tradução da 2ª parte da série de artigos que Thomas Sowell publicou recentemente nos últimos dias sobre o tema. Depois de na Parte I se ter debruçado sobre a origem histórico-filosófica da "apropriação" da condição "natural" do exercício de poder por parte da esquerda ("justificada" por Rousseau), Sowell aborda agora um tema essencial: o da pobreza ou, mais exactamente, da sua constante redefinição do seu conceito para, numa lógica diabólica aparelhística e diabólica, feroz por parte da esquerda da "necessidade" de a política. Em paralelo ilustra os múltiplos exemplos de importantes grupos sociais e étnicos que, profundamente desconfiados doso governos, conseguiram escapar à armadilha da pobreza e conseguirem a ascensão social e o correspondente aumento de bem-estar. Para Sowell, a palavra-chave é uma: trabalho.
"Os líderes da esquerda em muitos países têm promovido políticas que permitem aos pobres ficarem mais confortáveis na sua pobreza. Mas isso levanta uma questão fundamental: quem são os "pobres"?

Thomas Sowell
Se se usar uma definição burocrática da pobreza de modo a incluir todos os indivíduos ou famílias abaixo de um certo nível de rendimento arbitrariamente estabelecido pelo governo, então é fácil obter os tipos de estatísticas acerca dos "pobres" que são armas de arremesso veiculadas nos media e na política. Mas traduzirão essas estatísticas uma relação estreita com a realidade?

A "pobreza" já teve em tempos um significado concreto - uma quantidade insuficiente de comida para ingerir, ou vestuário ou abrigo insuficientes para proporcionar protecção contra os elementos, por exemplo. Hoje significa o que os burocratas do estado, que definiram os critérios estatísticos, escolherem fazer significar. E eles têm todo o incentivo para definir a pobreza de uma forma que inclua suficientes pessoas para justificar a despesa do estado social.

A maioria dos americanos com rendimentos abaixo do nível oficial de pobreza tem ar condicionado, televisão, possui um veículo automóvel e, longe de passar fome, os seus membros são mais prováveis do que outros americanos de vir a sofrer de excesso de peso. Mas uma definição arbitrária de palavras e números dá-lhes acesso ao dinheiro dos contribuintes.

Este tipo de "pobreza" pode facilmente tornar-se um modo de vida, não apenas para os "pobres", mas para os seus filhos e netos.


Mesmo quando têm o potencial para se tornarem membros produtivos da sociedade, a perda dos benefícios estatais que resultar de o tentarem fazer constitui um "imposto" implícito sobre o que ganhariam que frequentemente ultrapassa o imposto explícito sobre um milionário.

Se se aumentar o rendimento de 15 mil dólares poder levar à perda de 15 mil dólares de benefícios estatais, alguém fará isso?

Em resumo, o estado de bem-estar da esquerda política torna a pobreza mais confortável, enquanto penaliza as tentativas para sair da pobreza. A menos que acreditemos que algumas pessoas estão predestinados a ser pobres, a agenda da esquerda é um mau serviço que lhes são prestadas, bem como para a sociedade. As grandes quantidades de dinheiro desperdiçados não são de forma alguma o pior de tudo.

Se o nosso objectivo é levar as pessoas a sair da pobreza, há uma abundância de exemplos encorajadores de indivíduos e grupos que o conseguiram fazer, em países por todo o mundo.

Milhões de "chineses ultramarinos" emigraram da China, indigentes e frequentemente analfabetos, em séculos idos​​. Quer se tenham estabelecido em países do Sudeste Asiático ou nos Estados Unidos, começaram do fundo, arranjando empregos duros e sujos quando não por vezes perigosos.

Muito embora aos chineses ultramarinos fossem geralmente pagos baixos salários, eles conseguiram poupar desse pouco, e muitos acabaram por abrir pequenas empresas. Através do recurso a longas jornadas de trabalho e a uma vida frugal, eles foram capazes de transformar minúsculos negócios em maiores e mais prósperos negócios. De seguida, cuidaram de proporcionar aos seus filhos a educação de que eles próprios muitas vezes careciam.

Em 1994, os 57 milhões de chineses ultramarinos criaram tanta riqueza quanto o milhar de milhões de pessoas que viviam na China.

Variações sobre este padrão social podem ser encontrados nas histórias dos judeus, dos arménios, dos libaneses e de outros imigrantes que se estabeleceram em muitos países por todo o mundo - inicialmente pobres, mas caminhando ao longo das gerações no sentido da prosperidade. Raramente confiaram no estado e geralmente evitaram a política no seu percurso ascendente.

Tais grupos concentraram-se em desenvolver o que economistas denominam de "capital humano" - as suas competências, talentos, conhecimento e auto-disciplina. O seu sucesso tem, geralmente, sido baseado numa palavra de oito letras que a esquerda raramente usa numa sociedade educada: "trabalho".

Existem pessoas em praticamente todos os grupos que seguem padrões semelhantes para ascender da pobreza à prosperidade. Mas quantos desses indivíduos existem nos diferentes grupos é algo que faz uma grande diferença para a prosperidade ou para a pobreza dos grupos como um todo.

A agenda da esquerda - promovendo a inveja e um sentimento de injustiça ao mesmo tempo que sonoramente exige "direitos" sobre o que outras pessoas têm produzido - é um padrão que tem sido difundido em países por todo o mundo.

Esta agenda raramente retirou os pobres da pobreza. Mas elevou a esquerda a posições de poder e auto-engrandecimento, enquanto promoviam políticas com resultados socialmente contraproducentes."
(Continua)