30 janeiro, 2013

Títulos Indecifráveis



Alguém consegue descodificar este título?

"Costa aplica travão à investida contra Seguro pela "unidade no PS"”

Ao adoptar este título, o Sr. jornalista quer convencer-nos que Costa foi "amigo" de Seguro?!

Pretenderá preservar a sua imagem pública ao sugerir que, da sua parte, não existiu deslealdade para com Seguro?!

António Costa é, nitidamente, uma daquelas personagens que goza de "imunidade jornalística". Tendo em conta que corre em duas frentes – CM Lisboa e PS - será interessante ver até onde irá a habitual benevolência da comunicação social e até onde o conseguirá levar
 
 
 
 
 

28 janeiro, 2013

Dos Filhos e Enteados da Comunicação Social...

Daqui, mais um exemplo do habitual critério "esquerda friendly" dos media portugueses...

"Jornais tribais

A piadola ordinária de Arménio Carlos, sobre o «rei mago escurinho», referindo-se ao representante do FMI, Abebe Selassie, não faz dele automaticamente um sujeito da Ku Klux Klan. Em todo o caso, é o tipo de graçola sem o mais leve vestígio de graça que se esperaria talvez do PNR, ou uma coisa lumpen assim.
 
O caso já é em si mesmo a fugir para o estranho. Mais estranho fica o episódio lamentável, se se fizer uma passagem rápida pelas páginas online dos principais jornais. Apenas o Correio da Manhã ouviu a tirada. Imagine-se o tsunami que não seria se alguém à direita fizesse algo semelhante. De duas, uma: ou o racismo larvar de quem quer que seja que tenha responsabilidades públicas preocupa-os, em si mesmo, aos jornais nacionais que não são o Correio da Manhã, tanto como a mim a passagem de Neptuno pela casa de Plutão, e então o que interessa é quem é racista e não o racismo, ou, o que vai dar praticamente ao mesmo, vindo de quem vem a coisa não pode ter o mais pequeno laivo de racismo, porque vem da esquerda, e à esquerda, por definição não há racistas.
 
Some-se, à piada sem piada ordinária de Arménio Carlos, a maneira como o líder da Fenprof se referia ao Governo, «aqueles bandidos». A linguagem por aquelas bandas está em perigosa deriva para o esgoto e a arruaça. Perturbador."
 
 
E é assim que o Jornalismo militante vai formatando a tal "opinião pública"...
 
 

26 janeiro, 2013

Notícias que tinham tudo para "dar certo"...

Daqui, mais um triste exemplo deste Jornalismo a martelo...

 "Se não aconteceu devia ter acontecido!"

 

"Jornalismo da matilha dos fait-divers

A notícia do Sol podia ser do Correio da Manhã e fazia chorar as pedras da calçada. Dizia assim:

Liliana Melo ficou sem sete dos seus dez filhos há sete meses. Por ordem do Tribunal de Sintra, as crianças, com idades entre os seis meses e os sete anos, foram sujeitas à medida de protecção de menores mais extrema: dadas à confiança para adopção, perdendo todos os vínculos parentais para sempre.
A sentença determinou que as filhas mais velhas ainda menores, na altura com 16 e 11 anos, ficassem com os pais. Mas o tribunal entendeu que a menor de seis meses, os gémeos de dois anos e os irmãos de três, cinco, seis e sete anos estavam em risco, e resolveu retirá-los de casa.
No processo, não há qualquer referência a maus-tratos físicos ou psicológicos ou a outro tipo de abusos. Na sentença, a que o SOL teve acesso, considera-se mesmo que há laços de afectividade fortes na família e refere-se que as filhas mais velhas têm sucesso escolar e estão bem integradas no seu ambiente social. A decisão do Tribunal de Sintra sustenta-se nas dificuldades económicas da família e no facto de a mãe ter desrespeitado o acordo de promoção e protecção de menores ao recusar-se a laquear as trompas.
Tribunal determinou laqueação de trompas.
Esse acordo – proposto pelas técnicas da Segurança Social e homologado pelo juiz – obrigava os pais a tomar uma série de medidas, entre as quais realizar uma operação para não poderem ter mais filhos.

Esta história, mais um fait-divers, gerou escândalo, polémica e os habituais comentários contra os tribunais, contra os poderes do Estado etc etc.
Aparentemente estávamos perante mais um caso de jacobinismo ao contrário. Desta vez a defesa da mãe a quem tiraram os filhos gerou a simpatia da comunidade, assim num instante que leva a ler uma frase numa notícia: "Tribunal tira sete filhos a mãe que se recusou a laquear as trompas".
Se fosse assim tal e qual, talvez houvesse razão para indagar um pouco mais sobre os porquês, mas os comentadores habituais, sabem tudo e de mais alguma coisa e por isso até as forças políticas ( o PS, imagine-se!) querem saber o que se passou, embora a miríade de artures baptistas da silva que pulula nos media já tivesse sentenciado o veredicto contra quem decidiu.

Parece que foi isto, tirado daqui:
Nota de esclarecimento sobre a sentença e o despacho proferidos no processo n.º 8867/05.TMNST
da 2 secção do Juízo de Família e Menores do Tribunal de Sintra
Face às notícias que têm sido veiculadas na imprensa e em articulação com a Sra. juíza presidente do Tribunal da Comarca da Grande Lisboa Noroeste, presta-se o seguinte esclarecimento sobre as decisões proferidas no âmbito do processo de protecção e promoção de menores n. 8867/05.5TMNST.

 
Este esclarecimento público, dada a matéria em causa e a natureza dos interesses envolvidos, tem natureza excepcional, tendo sido determinado face à relevância do assunto e à necessidade de repor a verdade dos factos.

 
O processo identificado supra é um processo de promoção e protecção de menores instaurado no ano de 2005.
Desde 2007 que o acompanhamento da situação da família em causa concentrou esforços no sentido de se evitar uma situação de separação entre a mãe e os filhos.
Em Junho de 2009, em conferência destinada à obtenção de acordo de promoção e protecção de cinco menores, foi homologado um acordo estabelecido entre os progenitores dos menores em risco, o Procurador da República, a técnica da ECJ e uma responsável do programa "Escolhas", através do qual, com o objectivo de evitar a separação das crianças do seu ambiente familiar, os pais assumiram, voluntariamente vários compromissos.
Entre esses compromissos a mãe dos menores obrigou-se a fazer prova do seu acompanhamento no hospital Fernando Fonseca, no âmbito do seu processo de laqueação de trompas.

 
Como resulta do compromisso assumido, não foi a decisão judicial que obrigou a mãe dos menores a submeter-se a qualquer tratamento ou cuidado médico. A laqueação de trompas foi algo que a mãe havia já aceitado voluntariamente fazer, no âmbito do acompanhamento médico relativo ao planeamento familiar.
Em Maio de 2012 foi proferida decisão que aplicou várias medidas de promoção e protecção a nove menores considerados em risco, entre as quais determinou, relativamente a sete deles, a medida de confiança a instituição para futura adopção. Esta decisão, que refere que a mãe efectivamente não procedeu à laqueação das trompas (o que traduziu uma violação de um compromisso assumido em acordo de promoção e protecção), não determinou a confiança dos menores a uma instituição por essa razão. A decisão foi tomada em virtude da incapacidade dos progenitores em garantir às crianças condições de vida minimamente adequadas, pelo que estas se encontravam em perigo.
O tribunal analisou a situação das diversas crianças e, relativamente àquelas em que era viável continuarem aos cuidados da progenitora, decidiu nesse sentido, impondo algumas condições, nenhuma das quais passava pela laqueação de trompas ou por deixar de gerar filhos.
Após a decisão que aplicou as medidas de confiança a sete das crianças em causa a progenitora deu novamente o seu acordo para ser seguida em consultas de planeamento familiar, o que não lhe foi imposto, antes aceite por si.
asjp.pt | 25-01-2013
Este caso que foi apresentado como uma aberração até pode ter contornos que obrigam a uma reflexão. Porém, o jornalismo que o apresentou como tal merece uma reflexão maior ainda porque já ultrapassa a questão do quem é para bacalhau basta. É agora uma questão de pura e simples cretinice. Mais uma e que tem reflexos importantes na sociedade e em certas instituições em particular, como os tribunais. Não sendo instituições perfeitas, a maioria da população instigada por esta matilha dos fait-divers, jornalistas de meia-tijela, não acredita nos tribunais e desconfia da justiça de modo que em sondagens os juízes aparecem no fundo da tabela da confiança pública nas instituições. Muito por causa deste jornalismo e destes jornalistas que não têm nome, porque será irrelevante, mas têm contribuído de maneira decisiva para a deslegitimação de um poder do Estado que existe para protecção das pessoas. O jornalismo caseiro, ignorante e atrevido não respeita regras elementares para informar. Neste caso, a informação passava pela análise da decisão e a vista ao processo e ponderação com quem sabia o que se tinha passado, sobre a notícia concreta se de facto havia notícia.

Fazer leads ou títulos de notícia ou cachas ou parangonas de primeira página com desinformação é digno de um jornalismo cretino, medíocre e perigoso, até para uma democracia.

Os tribunais deveriam ter esclarecido logo o assunto, mas provavelmente ninguém se sentiu responsabilizado para tal efeito. As consequências, porém, atingem todos os profissionais do foro e com prejuízo para toda a gente.
Os jornalistas, esses, passam por estes fenómenos como se nada fosse com eles, ou elas, particularmente. É incrível.

"

 
 
 

25 janeiro, 2013

Dos festejos ao ressabiamento – A agridoce ida aos mercados.


Não deixam de ser curiosos e inconsistentes, os argumentos daqueles que diminuem o sucesso da ida aos mercados dizendo coisas como estas: "só lá fomos contrair mais dívida para pagar no futuro" ou mesmo comentários do calibre de “como podemos estar contentes por ver um toxicodependente voltar a consumir droga?! ”...
Este tipo de raciocínio só pode resultar de má fé ou... desinformação (as usual...)! Meus senhores, Portugal, mesmo que a partir de hoje tivessem défice "0", teria e terá, SEMPRE que ir aos mercados em função da dívida que foi contraída anteriormente! Aqui, poderão consultar o calendário de amortização da dívida portuguesa prevista nos próximos anos.

A situação merecerá festejo?
Atendendo à situação do País e dos portugueses, que permanece muito complicada, Não.
Mas! Portugal estava a meio de uma ponte, a grande questão era saber se iriamos para o "lado grego" (o lado condenado...) ou se atravessaríamos para o "lado irlandês". O êxito da operação, em função grande e diversificada procura, é um forte indício que a dívida portuguesa (ao contrário da grega) poderá ser financiável em condições de mercado.
Assim, considerando que sem este requisito (do financiamento da dívida) não existiria salvação possível e porque se trata da primeira boa notícia desde que Sócrates e a sua pandilha nos meteram nesta situação, só o RESSABIAMENTO daqueles que torcem para que a estratégia de Passos & Gaspar falhe, pode explicar o incómodo e a azia nas criticas lançadas  a quem sente  que este acontecimento merece festejo.
Ainda há 1 ano atrás, recorde-se,Portugal ocupava o 2º lugar no ranking dos países em risco de incumprimento e muitos, nomeadamente aqueles comentadores e jornalistas da “situação”, vaticinavam que apenas meia dúzia de meses nos separavam da Grécia.
Impactos na “vida real” – Sector Privado
Outro aspecto positivo da operação reside na expectativa de que a banca comercial volte a ter acesso aos "tais" mercados. O Memorando da Troika, negociado pelo PS, não previa a necessidade de financiamento do sector empresarial do Estado. Os 78.000 M Euros eram curtos… 
Os bancos nacionais, para além da escassez de recursos continuaram a direccionar o crédito para ao Estado (em vez das empresas e cidadãos), pois este estava completamente falido! Sem esses empréstimos, muitas empresas públicas não teriam dinheiro para pagar salários (Refer, C, RTP, etc…).
O acesso aos mercados pela banca poderá ser desbloqueado e, gradualmente, financiamento poderá chegar às empresas e cidadãos em melhores condições, designadamente, spreads e taxas de juro mais baixas (por ex., enquanto os spreads actualmente em vigor para o crédito à habitação não baixerem, o sector imobiliário dificilmente recuperará...).  
Impactos na “vida real” – Sector Público
Agora, o sucesso desta operação não invalida a necessidade IMPERIOSA do Estado continuar a emagrecer, temos de equilibrar receitas e despesas para não voltarmos a "cair nas mãos" dos credores.
Pensar que isto significa o fim dos sacrifícios, só dará em desilusão. Convém agora que os habituais comentadores e jornalistas manhosos não confundam as coisas...  
Para finalizar, em relação aos comentários citados no início do texto daqueles que vêm como negativa esta ida aos mercados, só me ocorre uma questão:


Por onde andava esta gente (aparentemente) tão adversa ao endividamento público entre 2005 e 2010!?...

 
 

24 janeiro, 2013

A sondagem que importa fazer!


O blog “Com Jornalismo Assim…”, gostaria de deixar a seguinte sugestão aos órgãos de comunicação social:
 
- atendendo à história recente - nomeadamente, os acontecimentos sociais, políticos, económicos que marcaram a sociedade portuguesa desde o ano 2000 -, realize-se uma sondagem para conhecer a resposta dos portugueses à seguinte questão: 


Se os portugueses pudessem voltar atrás no tempo, às eleições de 2005, sabendo o que sabem hoje, entre Sócrates e Passos Coelho, quem escolheriam?


Os resultados seriam muito interessantes de analisar, serviriam para conhecer o País que somos e dariam "pano para mangas"...

 

22 janeiro, 2013

A Esquerda deve ser inimputável…


Este argumento do "Há mais de um ano que eu disse que havia outro caminho" ou “"O PS teve razão no tempo certo", diz Seguro”, são exemplares do chico-espertismo à portuguesa…
Da memória curta...
Vejamos: os Srs. do partido que se diz socialista, levaram o País à bancarrota, chamaram o FMI e, em Maio de 2011, assinam um memorando que seria sempre uma “bomba social". Fosse PS fosse PSD/CDS a governar, bastava ler os montantes dos cortes previstos para 2012 e 2013 para tirar essa conclusão (mas ler este tipo de documentos é coisa que muitos jornalistas não gostam de fazer, são demasiados números…).
Apenas 6 (Seis) meses depois de abandonar o poder, no início de 2012, um extraterrestre que visitasse este belo País e ouvisse qualquer socialista a falar “contra a austeridade do custe o que custar”, da necessidade de “renegociar a dívida”, que “o meu caminho é outro, o do crescimento económico”, etc., só poderia concluir que esses Srs. nada teriam a ver com o que se passava em Portugal …
O que não deixa de ser estranho é que, mesmo entre o cidadão comum luso, muitos aparentam não saber que o PS governou, quase ininterruptamente, entre 1995 e 2011 (com apenas 2,5 anos de intervalo de Barroso / S. Lopes). O que faz de muitos portugueses verdadeiros “extraterrestres” na sua própria terra!
Claro que esta percepção não poderia existir sem a indispensável colaboração deste jornalismo militante. Por exemplo, faz sentido atribuir, a PS e a PSD - como muitas vezes se vê no espaço mediático - responsabilidades iguais relativamente à governação dos últimos 20 anos, quando os socialistas governaram mais de 80% do tempo?!
São contra a austeridade e pelo crescimento económico, como se alguém fosse contra… Portugal investiu (na verdade gastou…) na última década como nenhum governo fez anteriormente e a economia não cresceu! De quantos anos precisaríamos para ver o milagre do crescimento anunciado pelos socialistas? Mais 5, 10, 20 anos?!
E o desemprego? Mesmo com dezenas de milhares de milhões de Euros, oriundos dos “maléficos” mercados, gastos a atapetar o País de auto-estradas (onde não passa ninguém) ou para plantar uma eólica em cada monte (o que fez a factura de electricidade duplicar), o desemprego continuou a subir. Em 2005 era de 7%, no final de 2011 era de 14%. Ainda assim vimos socialist…perdão! Comentadores, tentando explicar que a promessa dos 150.000 empregos até foi cumprida!...

Depois, os mercados que, ao contrário do que passa na comunicação social, tão bem se deram com os governos socialistas - começaram a desconfiar que Portugal poderia não pagar…
Chegou a factura, quem paga?...
Como alguns, esses sim vinham avisando - mas, durante uma década, foram ignorados pela "elite bem pensante" instalada na capital -, a fonte secou e, com ela, todo o modelo económico montado no consulado Sócrates.

Sem dinheiro para asfalto, betão, barragens, computadores Magalhães, ventoinhas, etc., o desemprego, inevitavelmente, acentuou a sua subida e, para além dos 4.000 M Euros/ano de despesa adicional para os contribuintes pagarem, ficamos ainda com maiores despesas sociais…

NOTA para “jornalista militante perceber”: a supressão dos subsídios de férias e Natal, por ex., “rende” ao Estado metade dessa verba, aproximadamente 2.000 M € (pergunto-me quantos jornalistas da praça não saberão isto… e se eles não sabem, como podem informar os cidadãos?!)

Em resumo, por muita indignação, gritaria e intoxicação, que jornais, telejornais e rádios, é preciso muita memória curta, demagogia e desonestidade, para ocultar que foi neste contexto que, há 1,5 anos, chegam Passos & Gaspar, ao governo…


Sobre renegociação do Memorando.
Há muito se percebeu que a estratégia do Governo incluía uma revisão das condições. Mas a estratégia do Governo, até aí sistematicamente colada à Grécia, recorde-se, passava por provar que era capaz de fazer os ajustamentos a que se comprometeu (ou tentar), permitindo-lhe assim ganhar a confiança e alguma autoridade moral, para negociar essas novas condições.


Dizer que Passos “mudou agora” - soundbyte que será repetido nos mídia nos próximos dias -, é portanto uma garotice, obviamente o 1º Ministro não podia andar a dizê-lo em público. Felizmente, até há provas disso: esta célebre conversa entre Vítor Gaspar e Wolfgang Schauble, ocorrida em Fevereiro de 2012.

Já esta frase: "Há mais de um ano que eu disse que havia outro caminho", essa sim, é fazer dos portugueses parvos e só demonstra a incompetência dos recentes e actuais, representantes do partido socialista. 

Então, o PS, que em meados de 2012, assina um documento – que denomina de bom para Portugal - onde se comprometia, quer através de cortes, quer através do aumento de impostos, com as metas de défice que este governo tem agora de cumprir - praticamente no dia seguinte – passou a defender que afinal, aquele documento, levaria Portugal à ruína?!… 
 
E os nossos jornalistas, fundamentais nas escolhas políticas que os portugueses tomam, colaboram com esta chico-espertice...


Dizer “O PS teve razão no tempo certo" é um grande acto de modéstia e humildade da parte de Seguro. Na verdade, num olhar atento aos últimos 20 anos neste País, facilmente se perceberá, que o PS tem razão “todo o tempo”!

 

21 janeiro, 2013

Notícias que tinham tudo para "dar certo"...


Um dos lemas em voga nas redacções portuguesas deve ser:

"Se não aconteceu devia ter acontecido!"


Retirado daqui: http://sorumbatico.blogspot.pt/2013/01/repare-se-nestas-duas-noticias-ambas-de.html#comments

Assim se faz a História...
 
 
Entretanto uma noticiazinha diz assim...
 


Diz que é Jornalismo...



 

20 janeiro, 2013

Do Jornalismo de Intriga


Nas últimas semanas, o jornal i, tem vindo a disputar com o Público o título da “manchete mais intriguista”. Está a ser uma luta interessante!

Nos dias que correm, um dos principais objectivos de diversos órgãos de comunicação social, parece ser forçar uma ruptura entre o PR e PM. Costuma dizer-se que “Sem ovos não se fazem omeletas”, mas isso não se aplica a indivíduos com a capacidade intelectual, a destreza e a ética jornalística como os que abundam nas redacções do nosso querido País. Vejamos como se cozinha uma boa intriga e fabrica uma boa polémica mesmo sem PM e PR estarem presentes...

Tudo começou no debate parlamentar da passada 6ª feira. Governo e oposição – já se sabe que no Parlamento nunca é possível discutir algo sério, o fundamental é tentar “ficar bem” no resumo que passará no telejornal -, trocavam os habituais galhardetes. A certa altura o Dr. A.J. Seguro falava sobre a hipótese de eleições antecipadas e afirmou que “se houver crise política, será da responsabilidade do Dr. Passos Coelho e do Dr. Paulo Portas, porque os senhores têm uma maioria absoluta neste parlamento”.

Na resposta, Passos Coelho disse que concordava com Seguro e que “este governo só não concluirá o seu mandato se os partidos que apoiam o governo, ou o próprio governo, não quiserem”.

E agora, digam lá se não é preciso ter um pouco de génio para transformar um episódio cujos protagonistas são exclusivamente o líder do governo e da oposição, nesta capa:

O momento seguinte será, à primeira oportunidade, colocar um microfone à frente de Cavaco Silva e perguntar “Sr. Presidente! Sr Presidente! Como responde ao 1º Ministro, nomeadamente, a afirmação de que o governo não tem de prestar contas ao Presidente da República?”
 
Diz que é Jornalismo...
 
 

18 janeiro, 2013

Títulos vs Corpo de notícia: um tratado de manipulação


Como no caso presente, são muitos os exemplos de notícias cujo título tem um intuito claro de desviar atenções ou induzir o leitor numa conclusão, que até pode ser contraditória com a “verdade” da notícia em si.
 
Este título, escolhido para noticiar o encontro PPC / Hollande, é exemplar do jornalismo manhoso e manipulador que temos. O título, para quem não ler a notícia e atendendo lenga-lenga dos "defensores da austeridade" vs "defensores do crescimento", que domina a agenda noticiosa em Portugal, leva alguns a concluir que Hollande fez uma crítica à governação de PPC, quando se trata do inverso, elogiou-a.
 
As críticas referem-se à gestão ”pré-troika”, ou seja, a governação socialista de Sócrates.
 
 
Se um título deve resumir (ou pelo menos tentar...) o corpo de uma notícia, deveria ser algo do género:

“Hollande critica Sócrates e elogia Passos Coelho”

Mas não, o Sr. Jornalista com uma foto de Hollande e Passos em fundo, preferiu o “Hollande diz que Portugal não é exemplo a seguir”.
 
Esta notícia e respectivo título, são também um bom exemplo de como muitos leitores, por ficarem apenas pela leitura do título, se deixam manipular por este jornalismo manhoso.... Não raras vezes, em conversas de café, por ex., e na sequência de algo que leram / ouviram na comunicação social, é frequente ouvir pessoas, com a maior das certezas, afirmarem ideias completamente contraditórias ou desfasadas da realidade do assunto em questão (nunca vos aconteceu?). Por vezes, tratam-se pessoas sem o mínimo de bom senso, fanáticas, irracionais, mas - descartando esses casos - há também os casos em que essas ideias assentam em muita desinformação que circula nos mídia. O blog já referiu casos destes, aqui por exemplo. 

Neste caso e para ilustrar como as pessoas são facilmente induzidas, vejam-se algumas reacções do “cidadão comum” a este mesmo título da notícia do Expresso, que transcrevo de redes sociais. Estes comentários (alguns verdadeiras pérolas …) só podem ser feitos por alguém que apenas leu o título da notícia e vive sob a influência do contexto criado pelo espaço noticioso que nos é servido diariamenete.

Sábio A: “grande chapada no bom aluno, no modelo de capacho que temos como 1º ministro...grande Hollande!”;
 
Sábio B:“AHAHHAHAHAHA Toma la Passos Coelho !!!!”,ou;
 
Sábio C:“Percebeste ó sho Passos? Es burro que nem um calhau...”

Obviamenete, depois de "levarmos" durante meses com o Dr. Seguro e a sua proximidade com as teorias “virtuosas do crescimento” de Hollandepor oposição às teorias “más da austeridade” de PPC (e Merkel) e num contexto de constante ataque ao actual governo, a escolha deste título só pode levar os mais distraídos a concluir que o recado do “Portugal não é exemplo a seguir”, seria certamente dirigido a Passos.
 
Porque se esconde a crítica de Hollande aos socialistas?! Isto é Jornalismo sério, a quem serve este frete? E, já agora, não é jornalisticamente relevante ir questionar Seguro sobre a (nova?) posição de Hollande!? Então, depois de os Srs. Jornalistas andarem meses à volta do "Salvador Hollande", de “Hollande, o crescimentista”, não acham que estas suas declarações, onde sublinha a importância do controlo da dívida e do défice, não são importantes!?
 
Será que alguém, vai colocar ao Dr. Seguro a seguinte questão:

“Como reage às palavras de Hollande, onde deixou críticas à gestão socialista e elogios à governação de Passos Coelho?"

Eu aposto que não…
 
 

17 janeiro, 2013

Filhos e enteados da Comunicação Social portuguesa...

 

Em resposta à questão “o que farão as tropas francesas aos terroristas no Mali”, Hollande respondeu. “Destruí-los”. Depois emendou, dizendo “fazê-los prisioneiros se possível”.

Imediatamente, pensei nas repercussões destas afirmações. Mas, como foi Hollande, quer os indignados profissionais, quer o jornalismo militante, não dedicaram qualquer atenção ao episódio.
 
Imagine-se, por exemplo, as mesmas declarações na boca de um presidente americano (que não Obama…). a polémica que daria:

“Declarações de presidente dos EUA chocam comunidade internacional”.

Associações de Direitos Humanos emitiriam comunicados indignados com tais afirmações.

Jornalistas e comentadores apontariam a contradição destas palavras com os princípios basilares de qualquer Estado de Direito.
 
Enfim, o habitual corropio…

Bottom line...
A forma (discriminatória) como os assuntos internacionais são tratados na comunicação social portuguesa constitui, talvez, o melhor indicador da falta de imparcialidade ideológica do jornalismo luso. Talvez porque, no plano nacional, sendo mais visível e flagrante a falta de isenção política para o cidadão comum, torna-se mais descarada a constante colagem do jornalismo à esquerda…  há mais pudor.

Neste tema – da frequente adopção de um critério jornalístico parcial, normalmente alinhado “à esquerda” – reside o motivo da criação deste blog. E as evidências abundam…
 
 

14 janeiro, 2013

A "Sociedade da informação" VS "Lixo televisivo". There can be only one…

 
 
Ambas as imagens retractam ofícios que consistem no manuseamento de lixo.

Um deles, reveste-se de inestimável valor para a sociedade. O outro, é muito valorizado em boa parte da comunicação social.

Sem um dos ofícios, a doença e a peste progrediriam, tornar-se-ia impossível viver em qualquer cidade moderna do mundo desenvolvido. O outro, incentiva o desprezo por valores como o conhecimento e a educação, princípios sobre os quais assentou o desenvolvimento das sociedades modernas.

Parte da história da sociedade humana,foi marcada pelo esforço em remover o lixo e os dejectos, do interior das nossas casas. Que vantagens poderão resultar desta tendência para o trazer de volta?
 
 
 

10 janeiro, 2013

Jornalismo de Coscuvilhice

 
Um dos principais objectivos deste blog, é demonstrar como a comunicação social, infelizmente, é um dos principais obstáculos à resolução dos problemas do País…

Por vezes a sua prioridade parece ser garantir que nada de sério, nada que possa resultar numa mudança do "establishment" e nos privilégios daqueles que usufruem do “bem colectivo” (à custa do trabalho da grande maioria da população), seja discutido.

O “jornalismo de coscuvilhice” é uma arma fundamental neste objectivo...

Em alturas onde existem tantos assuntos de interesse para discussão pública, faz sentido o destaque dado a alguns casos que apenas dizem respeito à vida pessoal de cidadãos – mesmo tratando-se de figuras públicas?! 
 
Estas “coscuvilhices” apenas servem para introduzir ruído, desviar as atenções do que é essencial e estimular o apetite do cidadão comum pelo voyerismo tipo "reality show", fomentar aquela curiosidade pela vida alheia. Enfim, por assuntos que apenas se relacionam com a vertente privada da figura pública, os Srs. Jornalistas parecem ter um prazer especial em espezinhar ou enfraquecer esta ou aquela figura. Será assim que se sentem realizados, com estas demonstrações de poder da comunicação social e dos media? É para prestar este tipo serviço, de informação, que o Jornalismo existe?

Eu aqui me confesso, já bebi e já conduzi com uma taxa ilegal de álcool, obviamente não me orgulho disso, mas nunca deixei que o álcool interferisse na minha vida profissional. E isto tem relevância pública? Nenhuma. Se fosse deputado, teria?

Aliás acho que neste País os jornalistas devem ser a única classe onde estas e outras coisas, nunca serão notícia...

 

09 janeiro, 2013

Constitucionalidade, é quando um hom…um juíz quiser!


O título é uma provocação, mas é preciso desmistificar que as decisões do Tribunal Constitucional (TC) são imunes a questões políticas ou que são neutras relativamente ao clima social e mediático que o País atravessa.

Para os mais distraídos, ou esquecidos, e para demonstrar a existência de subjectividade em decisões do TC e a "flexibilidade de critério" na interpretação da lei, fica aqui uma referência ao acórdão do TC em 2010 aquando dos cortes nos rendimentos e novos escalões de IRS previstos nos (famosos) PEC de Sócrates. Nessa altura - e recorde-se que nem estavamos sob resgate financeiro - o mesmo TC considerou serem esses cortes constitucionais em função do ”contexto de emergência financeira"...
Outra situação onde foi notória a flexibilidade de critério revelada pelos Srs. Juizes do TC (e já referida aqui no blog), prende-se com a decisão tomada em 2012, a qual, assente na “violação da equidade” relativamente à distribuição de sacrifícios entre sector público e privado, levou o TC a declarar inconstitucional os cortes nos subsídios dos funcionários públicos.

Diferente apreciação existiu em 2010, governava então o partido socialista, quando foram cortados entre 3,5% e 10% os salários dos funcionários públicos. Note-se, foram cortados APENAS os salários dos funcionários públicos e não os do privado. Mas parece que nessa situação a "equidade" não foi violada... 
 
Volta a frisar-se que o TC considerou esses cortes constitucionais, em função do ”contexto de emergência financeira". Poderão alguns dizer que estes cortes são de maior dimenssão, mas, estando o País, desde meados de 2011, sob um programa de resgate financeiro - o que não se verificava em 2010 - não faz muito mais sentido alegar esse  fundamento de emergência no tempo presente?!
 
São tortuosos os caminhos da constitucionalidade...
 

07 janeiro, 2013

2013, o ano da Ressurreição da Constituição


Em 2012 o TC chumbou os cortes nos subsídios dos funcionários publicos, alegando violação do princípio da equidade. Desde aí andamos a tomar doses de Constituição ao pequeno-almoço, ao almoço e ao jantar.

Mas, por onde andou o Tribunal Constitucional entre 2005 e 2011? Recordem-se algumas coisas que a Constituição permitiu entre 2005 e 2011:

     - Foi Constitucional, no período de 5 anos, criar 90.000 milhões de dívida pública que levará 50 anos a pagar;

    - Foi Constitucional nacionalzar o BPN (o buraco poderá chegar aos 8.000 milhões);
   - Foi Constitucional comprometer os contribuintes com 40.000 milhões  no âmbito de contratos com PPPs rodoviárias até 2040 (a somar à dívida directa do Estado);
    
    - Foi Constitucional pagar cerca de 4.000 milhões de rendas excessivas à EDP através da nossa factura da electricidade.

Mas para demonstrar que, no mínimo, a Constituição esteve adormecida durante uns anos, voltemos ao “princípio da equidade”. Em 2010, governava o partido socialista, foram cortados entre 3,5% e 10% os salários dos funcionários públicos. Note-se, foram cortados APENAS os salários dos funcionários públicos e não os do privado. O fundamento da "equidade" foi atendido nesta situação?  Pelos vistos sim, pois não foi declarada inconstitucionalidade...
 
Será que existe um artigo na Constituição que dispensa alguns partidos do seu cumprimento? Nunca, como naquele período de governação socialista, se assistiu a tamanha transferência de dinheiro dos contribuintes para os grandes grupos económicos.  Portugal não pode voltar a ter governantes - SEJA DE QUE PARTIDO FOREM - como aquele que nos levou à bancarrota!
 
Os cortes nos salários, pensões, saúde, etc., não chegam para pagar os juros da dívida criada naqueles 6 anos!
Que hipocrisia vai neste País… tantas palavras sobre solidariedade, tanto discurso sobre a necessidade de protecção dos “mais desfavorecidos” precisamenete por aqueles que permitiram, pelos seus actos de governação e/ou de omissão, se cavasse mais fundo o fosso entre os mais ricos e os mais pobres.

E a sacrossanta Constituição que, de nada serviu enquanto isso aconteceu, vai ser agora reabilitada para impedir que as pensões mais elevadas sofram cortes! Em resumo, o processo em curso terá a seguinte consequência: os detentores dos rendimentos mais baixos – recorde-se que 90% das pensões em Portugal são inferiores a 1.000 € - serão chamados a cobrir o aumento de despesa ditado pela inconstitucionalidade dos cortes nas pensões dos 10% mais ricos!

Será assim que a Constituição defende os "valores de Abril"? 


 

04 janeiro, 2013

O fardo do Juros, o Chico-espertismo e o PEC IV


Um bom exemplo do alinhamento de boa parte da comunicação social com o "chico-espertismo" do discurso da esquerda - nomeadamente a bancada do PS -, é a repetição e o constante ruído de fundo à volta da suposta necessidade de Portugal “renegociar a dívida para pagar menos juros”. 

Vejamos, o governo socialista liderado por Sócrates, mais que duplicou a dívida nos seus 6 anos de governo. É nesse período de governação, portanto, que é tem origem mais de metade do montante de juros  - cerca de 8.000 milhões de euros - que hoje temos de pagar. Para os mais distraídos, recorde-se a herança de um governo cuja maior parte dos membros (também convém lembrar) estão hoje sentados na Assembleia da República, entre outras coisas, a clamar contra inconstitucionalidades como se não tivessem nada a ter com a actual crise:

    - uma dívida directa que subiu 90.000 milhões de euros;
    - que a dívida indirecta do sector público empresarial – ascendeu aos 30.000 milhões;
 

Momento 1 - O Jornalismo militante, diz-nos que pagar menos juros não é prioritário:
Considerando o crescimento anémico da economia portuguesa, apesar de quase 20 anos de políticas económicas dominadas pele lema “há mais vida para além do défice”, desde o final dos anos 90, personalidades alertavam para o trajecto de insustentabilidade, a prazo, da nossa dívida. Este facto ficou evidente com a crise financeira de 2008. 

Mas, apesar das evidências e das diversas vozes que alertavam para a circunstância de Portugal não conseguir pagar a dívida acumulada, esta questão da capacidade para o País pagar os juros dela decorrente, nunca foi uma escolha das redacções para a abertura de telejornais ou manchetes. O espaço mediático, aliás, entre 2007 e 2009 era dominado pelo optimismo e um corropio de eventos protagonizados pelos responsáveis socialistas enquanto inauguravam mais um parque eólico, mais uma auto-estrada ou, essa infra-estrutura estratégica, que é o aeroporto de Beja.

Nessa altura - a “era dourada” das PPP, do Parque Escolar, do Magalhães, das Eólicas, etc. - decisões políticas que determinaram a enorme dívida e juros que agora temos de pagar… a comunicação social funcionava como uma espécie de caixa de ressonância da teoria “crescimentista”. Não era raro ver ridicularizados na comunicação social personalidades como Medina Carreira, Manuela Ferreira Leite e outros (ora recorde lá jornalistas falarem no problema dos juros que Portugal teria de pagar no futuro…). 

Aliás, basta recordar as eleições de 2009 onde, em plena crise, aumentando em quase 3% os funcionários pblicos, apoiado num discurso completamente irrealista de mais estado social e investimento público, por pouco, Sócrates não consegue maioria absoluta, apesar de uma situação económica de descalabro iminente. Determinante, foi o papel da comunicação social cooperante, que de episódio em episódio ia desacreditando M. F. Leite que, como se viu depois, tinha razão quanto à impossibilidade da continuação das políticas socialistas…


Momento 2 - O Jornalismo militante, diz-nos que pagar menos juros não é prioritário:

Depois das eleições, rapidamente se constatou a fraude do discurso da campanha socialista, cuja vitória assentou na promessa de “mais investimento púbico”, “mais emprego”, etc.. A realidade, por muitos discursos e muito “sounbyte” debitados, ditava algo diferente: pura e simplesmente não havia dinheiro e os juros de dívida pública iniciaram a sua escalada.
Vieram os cortes, a subida de impstos, os PECs… I… II…III e o famoso PEC IV.

Este - o PEC 4 - é um dos maiores mitos no discurso político recente. Não há semana em que um socialista não venha dizer que “caso o PEC 4 não fosse chumbado, não estaríamos nesta situação”. Esta é uma "chico-espertice" que o Bom Jornalismo teria obrigação de desmontar…

Recuemos ao final de 2010: em Novembro os juros da dívida superam os 7%, no momento do PEC IV (Janeiro / Fevereiro de 2011, rondavam os 8%). Para que Portugal continue a pagar as “despesas correntes” e a contrair dívida (afinal, mais uns mesinhos e estariam no terreno o TGV, o novo aeroporto de Lx e a 3ª travessia do Tejo), os portugueses seriam chamados a mais sacrifícios, depois de verem a aprovação de 3 PEC anteriores (com o acordo do psd) .

Ainda hoje, e aqui reside a "chico-espertice", se diz que Sócrates tinha um acordo com o BCE, mas alguém acredita nisto?! Viram alguém do BCE confirmá-lo?! Pura fantasia, então com a Grécia e a Irlanda, já naquele momento, sob resgate financeiro das instituições europeias e do FMI, é preciso ser muito crente em Sócrates para acreditar que daria um tratamento privilegiado a Portugal. O PEC IV limitava-se a ganhar mais algum tempo e, provavemente, possibilitar que alguns projectos atingissem um ponto de não retorno (também aqui, lembram-se de ver na comunicação social preocupação quanto aos juros que estas opções comportariam no futuro?).

Momento Actual: O Jornalismo militante, diz-nos que pagar menos juros é prioritário!
2012, o culminar daqueles anos de endividamento está aí: "a despesa com juros representava 79 por cento do défice orçamental no termo do terceiro trimestre". Mas agora - depois de anos a "assobiar para o lado", depois de toda aquela dívida ser contraída e por isso temos agora de a pagar - assiste-se, diariamente, a comentadores, jornalistas, etc., formando uma unanimidade em torno da necessidade de pagar menos juros – pergunta-se: onde andavam estas luminárias entre 2005 e 2010, no período em que a dívida foi contraída?

Mas, o cúmulo é assistir, com a maior passividade por parte daquele jornalismo sempre tão pronto a atitudes inquisitórias, aos mesmos socialistas que, ainda há menos de 2 anos, defendiam o PEC IV e, portanto, defendiam a continuidade dos empréstimos a taxas de 8% (ou mais…), converterem-se agora nos maiores inimigos da dívida e passarem a vida a dizer aos portugueses que “é insustentável pagarmos tantos juros” que o Governo tem de renegociar a dívida! Cavalgando a típica memória curta portuguesa, cultivada pelo espaço mediático e o jornalismo miltante, repetem à exaustão que não podmos pagar tantos juros, que é obrigatório renegociar a taxa do empréstimo da Troika (cujo juro é 3,4%, recorde-se).

Mas querem fazer de nós parvos!? Se, como atrás se explicou, o PEC IV implicava que Portugal continuasse a contrair dívida nos mercados a uma taxa de 8%, quase o triplo dos juros da Troika, é preciso muito descaramento!... Isto é sério? E o jornalismo que permite esta farsa e na prática, protege esta politiquice e "chico-espertismo", como fica neste filme?

Por favor acabe-se com o mito. Imaginemos que o PEC 4 tinha passado no início de 2011: Portugal, ter-se-ia aguentado mais uns 6 meses. No terreno, provavelmente, estariam o TGV, o novo aeroporto e sabe-se lá mais o quê… à nossa dívida teriam sido somadas mais umas dezenas de milhares de milhões de euros a um juro bem mais alto, i.e., estaríamos num buraco ainda mais fundo, o que obrigaria à necessidade de maiores cortes e de mais impostos, na actualidade e no futuro. 

Em resumo e ao contrário do que se pretende fazer crer, õ PEC IV não constituia qualquer salvação. Foi possivelmente o chumbo do PEC 4 que evitou a degradação da situação portuguesa ao ponto da situação a que a Grécia chegou. “Vá de retro!”, PEC 4!
 
 
 

Notícias que passam ao lado das manchetes...


Enquanto a percepção interna, fortemente influenciada pelos mídia que - todos os dias - apregoa o “armageddon” -, lá de fora a perspectiva parece ser um pouco diferente…


 
Decorrido menos de 1 ano, Portugal passa da 2ª para a 9ª posição no grupo de 10 países com mais alta probabilidade de entrar em incumprimento num horizonte de cinco anos.
 
Mas os bons indicadores não se resumem à perspectiva externa..."cá dentro" - em contracorrente com o frenesim diário que marca os diversos órgãos de comunicação social e  como já se havia dado conta aqui no blog - constata-se que, afinal, as poupanças dos portugueses estão a subir.
 
 
Obviamente, a retracção do consumo decorre da diminuição de rendimentos imposta aos portugueses. Mas, até que ponto o clima de medo induzido em qualquer pessoa que lê jornais, ouve a rádio ou vê televisão, não contribui também para a "asfixia da economia"?

 

02 janeiro, 2013

Da Constitucionalidade…


Nas próximas semanas, o País prepara-se para ficar suspenso em torno da decisão do Tribunal Constitucional acerca da licitude / ilicitude dos cortes nas pensões. Até lá, na imprensa, rádio e televisão, tomaremos doses de Constituição ao pequeno-almoço, ao almoço e ao jantar…
Entretanto, façamos o seguinte raciocínio: considerem um cidadão "A", na casa dos 60 anos, versus, um cidadão "B", na casa dos 40.

Cidadão A: mediante os descontos no valor de X efectuados ao longo da sua carreira contributiva, este cidadão adquiriu o direito de uma pensão no valor Y.

Já o cidadão B, que ao longo da sua carreira contributiva - porque a REALIDADE assim obriga e porque, entre outras coisas, terá de garantir os direitos que (supostamente) a Constituição consagra ao cidadão A -, descontará 2 vezes X, mas terá apenas direito a uma pensão de valor Y/2.

Questões para os especialistas em constitucionalidade:
     - os cidadãos A e B, são tratados em pé de igualdade
     - existe, “à luz da lei fundamental”, uma distribuição equitativa de deveres e direitos, entre os cidadãos A e B?

Recordemos o Artigo 13.º, Princípio da igualdade, n.º 2, da CRP:

“2. Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual.”


Obviamente, ninguém pretende uma “guerra de gerações”, mas o conflito de interesses é evidente e esta situação só se resolverá com bom senso. No caso de o TC se pronunciar pela existência de inconstitucionalidade na medida que prevê os cortes das pensões mais elevadas, na prática, essa decisão implica um prejuízo dos direitos do cidadão B para que seja possível assegurar os do cidadão A.

Aguardemos pois, expectantes, para conhecer qual será a inconstitucionalidade predilecta dos Srs. Juízes do TC…